Existem muitas possibilidades para explorar mitos e histórias no setting terapêutico e hoje trazemos um pequeno trecho do mito da Fênix, retirado do livro “Mitos e Arquétipos na Arteterapia” de Lígia Diniz. Com o nome de uma constelação, o mito da Fênix tornou-se ainda mais popular nos últimos anos com aparição em filmes, videogames, séries, e outros veículos da cultura pop.
(...) Há um pássaro que renova a si mesmo sozinho. Os assírios a chamam de Fênix.
Não vive de sementes nem da grama verde, mas dos gomos de olibano e do sumo do cardamono.
Vive cinco séculos, como vocês devem saber e constrói para si mesmo um ninho nos ramos mais altos das palmeiras, usando suas garras e o bico para cobrir seu cianomomo e espigãos de nerdo, e canela e mirra amarela.
Lá ele morre, entre fragâncias dessas plantas e, de seu corpo, uma minúscula fênix desabrocha para a vida e vive tanto tempo quanto a outra.
A ave recém- emplumada, ao ganhar força para carregar cargas, levanta o ninho pesado, seu berço e tumba da antiga fênix, carregava-o pelo ar até a cidade do Sol e o deixa, como oferenda, nas portas do templo sagrado do deus Sol.
(Ovídio, Metamorfoses 15.585)
“Diferentemente de outros mitos, a Fênix não precisa de outro animal para realizar sua morte e renascimento. Ela própria se transforma. Quando sente que é a hora, faz como todos os seus sábios antepassados e ateia fogo ao velho corpo para dar lugar ao novo corpo.
A Fênix é chamada de "o mais belo de todos os animais fabulosos" e simboliza a esperança e a continuidade da vida após a morte. Reza a tradição que tinha aparência de uma águia gigantesca, vermelha cor de fogo, púrpura, azul-claro e dourado. Única de sua espécie, não se reproduzia, mas podia viver mais de 500 anos[..]. Em Todas as mitologias que, de alguma forma, contavam sobre o pássaro mítico que renascia das próprias cinzas, o significado é similar: a perpetuação, a ressureição, a possibilidade de uma renovação periódica, o morrer-renascer.
Precisamos nos diferenciar de nossos ancestrais para encontrarmos o nosso verdadeiro ser, mas isso não significa renegá-los; podemos reverenciar nossos pais, por eles ganharmos a vida, mas sabendo que eles não são a fonte de nossas vidas.”
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DINIZ, Lígia. Mitos e Arquétipos na Arteterapia. Wak. 2010
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