SĂmbolos no processo terapĂȘutico
- NAPE - NĂșcleo de Arte e Educação
- 2 de jul. de 2021
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de set. de 2021

SĂmbolo deriva do grego Symbolon, resultado da combinação de SYM + BOLON, que significa âaquilo que Ă© colocado juntoâ, âamontoarâ, âjuntarâ. Assim, tudo o que existe ao nosso redor, tudo aquilo que experimentamos quer dizer alguma coisa, carrega um significado; quer nos contar algo que ainda nĂŁo vimos, direcionando nosso olhar para algo sutil.
No reconhecimento do sĂmbolo Ă© importante destacar sua dinĂąmica, a forma de seu funcionamento: no sĂmbolo vemos que o externo pode revelar alguma coisa interna; o visĂvel pode revelar o invisĂvel â no plano fĂsico, as particularidades do espiritual, a regĂȘncia de uma mĂșsica que toca e necessita ser escutada, estabelecendo uma conexĂŁo por trĂĄs das dimensĂ”es fora/dentro, dentro/fora. [...]Conseguimos observar os sĂmbolos facilmente em sonhos, imagens onĂricas, nos contos de fadas, mitos, imagens poĂ©ticas, entre outros, mas alĂ©m dessas apariçÔes, os sĂmbolos podem nascer de um modo bem espontĂąneo, quando distraĂdos no improviso sĂncrono da vida.

Quando permitimos o nosso envolvimento com os sĂmbolos no processo terapĂȘutico temos o privilĂ©gio de sentirmos na pele a rede da sensibilidade que o mundo nos cerca. Ficamos mais prĂłximos dos afetos, da emoção e do encontro com nossa construção interna.
O contato com os sĂmbolos produzidos pela imagem do inconsciente evidencia o funcionamento atemporal do nosso inconsciente, e ficam visĂveis nĂŁo somente em nossas dificuldades atuais, mas em todo nosso reconhecimento histĂłrico de nossa jornada atĂ© o presente e atual, e ainda nos apontam para o futuro. O sĂmbolo, nesse contexto, torna-se o foco para nosso desenvolvimento psĂquico. Ă por meio do campo simbĂłlico que podemos tornar vivenciĂĄvel e visĂvel nossa aproximação do processo de individuação.
Nesse aspecto, podemos constituir o central objetivo do processo terapĂȘutico; nas palavras de Jung:
âO efeito que busco [ao se falar do processo terapĂȘutico] Ă© produzir um estado psĂquico em que meu paciente começa a experimentar com sua prĂłpria natureza, onde nada estĂĄ eternamente dado e irremediavelmente petrificado, um estado de fluidez, de mudança e vir-a-ser.â (Jung 1958).
O processo Ă© uma jornada interminĂĄvel, custa toda uma vida; Ă© um longo caminho em que lidamos com frustraçÔes, dores, perĂodos estĂĄticos.
Ă comum no acompanhamento terapĂȘutico escutar frases como âme sinto improdutivoâ, âestou com raiva de mim mesmoâ, ânĂŁo sei o que fazer, estou tĂŁo indecisoâ. Nesse momento do processo, Jung coloca como perĂodo de incubação; o tempo de olhar a tensĂŁo exposta Ă espera do surgimento simbĂłlico â a fase da incubação Ă© seguida pelo processo criativo, pelo tempo de compreensĂŁo, que pode entĂŁo ser constituĂda ao consciente pela observação dos sĂmbolos.
E aos terapeutas, acompanhantes, intercessores dessa viagem, cabe a posição terna, paciente, amorosa no fornecimento de espaços seguros para que esses sĂmbolos possam surgir, e serem amplificados e integrados no florescimento psĂquico â acreditar no sutil.
Texto retirado da apostila da Pós Graduação em Arteterapia, por Carlos Vendramini, Psicólogo e Arteterapeuta.