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Símbolos no processo terapêutico

Atualizado: 28 de set. de 2021



Símbolo deriva do grego Symbolon, resultado da combinação de SYM + BOLON, que significa “aquilo que é colocado junto”, “amontoar”, “juntar”. Assim, tudo o que existe ao nosso redor, tudo aquilo que experimentamos quer dizer alguma coisa, carrega um significado; quer nos contar algo que ainda não vimos, direcionando nosso olhar para algo sutil.


No reconhecimento do símbolo é importante destacar sua dinâmica, a forma de seu funcionamento: no símbolo vemos que o externo pode revelar alguma coisa interna; o visível pode revelar o invisível – no plano físico, as particularidades do espiritual, a regência de uma música que toca e necessita ser escutada, estabelecendo uma conexão por trás das dimensões fora/dentro, dentro/fora. [...]Conseguimos observar os símbolos facilmente em sonhos, imagens oníricas, nos contos de fadas, mitos, imagens poéticas, entre outros, mas além dessas aparições, os símbolos podem nascer de um modo bem espontâneo, quando distraídos no improviso síncrono da vida.


Quadro Reunião - Remedios Varo

Quando permitimos o nosso envolvimento com os símbolos no processo terapêutico temos o privilégio de sentirmos na pele a rede da sensibilidade que o mundo nos cerca. Ficamos mais próximos dos afetos, da emoção e do encontro com nossa construção interna.


O contato com os símbolos produzidos pela imagem do inconsciente evidencia o funcionamento atemporal do nosso inconsciente, e ficam visíveis não somente em nossas dificuldades atuais, mas em todo nosso reconhecimento histórico de nossa jornada até o presente e atual, e ainda nos apontam para o futuro. O símbolo, nesse contexto, torna-se o foco para nosso desenvolvimento psíquico. É por meio do campo simbólico que podemos tornar vivenciável e visível nossa aproximação do processo de individuação.


Nesse aspecto, podemos constituir o central objetivo do processo terapêutico; nas palavras de Jung:


“O efeito que busco [ao se falar do processo terapêutico] é produzir um estado psíquico em que meu paciente começa a experimentar com sua própria natureza, onde nada está eternamente dado e irremediavelmente petrificado, um estado de fluidez, de mudança e vir-a-ser.” (Jung 1958).


O processo é uma jornada interminável, custa toda uma vida; é um longo caminho em que lidamos com frustrações, dores, períodos estáticos.

É comum no acompanhamento terapêutico escutar frases como “me sinto improdutivo”, “estou com raiva de mim mesmo”, “não sei o que fazer, estou tão indeciso”. Nesse momento do processo, Jung coloca como período de incubação; o tempo de olhar a tensão exposta à espera do surgimento simbólico – a fase da incubação é seguida pelo processo criativo, pelo tempo de compreensão, que pode então ser constituída ao consciente pela observação dos símbolos.


E aos terapeutas, acompanhantes, intercessores dessa viagem, cabe a posição terna, paciente, amorosa no fornecimento de espaços seguros para que esses símbolos possam surgir, e serem amplificados e integrados no florescimento psíquico – acreditar no sutil.


 

Texto retirado da apostila da Pós Graduação em Arteterapia, por Carlos Vendramini, Psicólogo e Arteterapeuta.


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