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A diferença entre imagem e símbolo e sua importância para a Arteterapia

  • Foto do escritor: NAPE - Núcleo de Arte e Educação
    NAPE - Núcleo de Arte e Educação
  • há 7 dias
  • 3 min de leitura

Na Arteterapia, a produção artística vai muito além da estética. Cada traço, cor ou forma pode carregar sentidos profundos, revelando aspectos que nem sempre conseguimos acessar pela racionalidade ou pela palavra. Nesse contexto, compreender a diferença entre imagem e símbolo é essencial para entender como o processo criativo pode se tornar transformador.


Imagem: o movimento interno que se revela


A palavra “imagem” vem do latim e é composta por duas ideias: im (dentro) + agem (agir). Assim, imagem significa “movimento interno”.

Ela se refere a algo visível, mas que representa o invisível – o mundo interno. As imagens têm origem na dimensão inconsciente e são pré-verbais. Quando produzimos arte, movimentamos nossa energia interna e permitimos que ela se manifeste de forma concreta.

Como escreveu Mário Quintana: “No princípio eram as imagens... depois é que vieram os pensamentos.”

Jung, psiquiatra suíço e fundador da psicologia analítica, destacou que a psique, com sua capacidade de criar imagens, atua como mediadora entre o mundo consciente e o inconsciente. Ou seja, a energia psíquica se transforma em imagem.

Nesse sentido, cabe ao arteterapeuta proporcionar ao cliente condições para retratar seu próprio mundo imagético, dando forma a conteúdos internos muitas vezes inefáveis.


Símbolo: o que une o visível e o invisível


Já a palavra “símbolo” vem do grego syn (junto) + bolon (lançar, unir). O símbolo, portanto, reúne e cria pontes. Ele traz na imagem algo que pertence ao inconsciente e que só pode ser compreendido em camadas mais profundas.

Um exemplo: ao contemplarmos a Mona Lisa, podemos nos perguntar o que Da Vinci quis transmitir com aquele sorriso misterioso. A obra nos leva para além da contemplação estética, despertando vivências subjetivas e reflexões pessoais. Nesse momento, a pintura torna-se metáfora e símbolo.


Na Arteterapia, o símbolo surge quando a energia psíquica (movimento interno) encontra forma, cor e matéria no processo criativo. Desenhos, pinturas e modelagens não são apenas produções plásticas, mas expressões simbólicas que tornam visível aquilo que se movimenta no inconsciente.


A leitura dos símbolos na Arteterapia


O olhar do arteterapeuta deve considerar diferentes camadas simbólicas:

  • Simbologia pessoal – a mais importante, pois está ligada à história de vida, vivências, pensamentos e sentimentos de quem cria.

  • Simbologia cultural – formada pelas influências do meio social e da cultura em que a pessoa está inserida.

  • Simbologia universal – relacionada ao inconsciente coletivo e à história da humanidade.

Livros como O Homem e seus símbolos (Carl G. Jung), Dicionário dos Símbolos (Jean Chevalier) e O corpo e seus símbolos (Jean-Yves Leloup) são referências importantes para ampliar esse olhar.

No entanto, é fundamental lembrar: o sentido mais profundo de uma obra só pode ser interpretado por quem a produziu. O papel do arteterapeuta é abrir caminhos para que a própria pessoa reconheça e ressignifique seus símbolos internos.


Por que essa diferença é tão importante?


Entender a distinção entre imagem e símbolo permite ao arteterapeuta acompanhar de forma mais consciente os processos expressivos dos clientes.

  • A imagem é a expressão imediata do inconsciente, um movimento interno que se revela no papel, na argila ou em qualquer outra linguagem artística.

  • O símbolo é o que dá profundidade a essa expressão, reunindo energia psíquica, cultura, história e vivências pessoais em um mesmo gesto criativo.

Assim, a Arteterapia se torna um espaço de encontro entre o visível e o invisível, entre o consciente e o inconsciente, favorecendo processos de autoconhecimento, transformação e cura.


 
 
 

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