Assim como a lenda portuguesa da amendoeira conta-nos
uma história de cuidado, percebemos isso também nas
pinturas de Vicent Van Gogh. Diante do quadro Amendoeira em
Flor (1890), há a representação dessa árvore como um “símbolo
de celebração da vida, na qual o artista pinta para presentear seu
sobrinho, pois Theo, irmão do pintor, escreveu a ele informando que seu filho havia nascido, a quem ele chamara de Vincent
Willem, em uma homenagem ao irmão” (FRANCONETI, 2021).
No quadro Os Girassóis, do mesmo artista, podemos perceber
muito mais do que flores amarelas; há a intenção, em cada pincelada, de afeto. No amarelo vibrante, percebemos a sensibilidade;
nas formas, a vontade de um grande abraço que Van Gogh estava
preparando para um grande amigo, Paul Gauguin. Esse cuidado
em deixar sua casa toda florida como um grande jardim primaveril, através da pintura, revelava seu desejo de cuidar de alguém.
Mas quem haveria de cuidar de Van Gogh?
Sua casa preparada para receber o outro guardava muito mais
de si, através das cores, formas e estações. Em cada canto, em
cada tela, em cada desenho, encontramos, em sua história, uma
forma que ele fazia para cuidar de quem cuida.
Assim são as terapias. Em particular, a Arteterapia baseia-se no
postulado de que o processo criativo envolvido na atividade artística é terapêutico e enriquecedor da qualidade de vida das pessoas.
(Nessa perspectiva, o arteterapeuta é um guardião que tem
como missão o ato de cuidar, pintando a vida através das formas e cores, resgatando andarilhos em nós e guiando-nos para
entrar em nossa casa interior. Segundo Angela Philippini, “o arteterapeuta trabalha com os registros dos movimentos do coração, esses registros se manifestam nas nossas produções plásticas,
tornando-se um campo fértil de pistas sobre quem somos, como
estamos e como nos sentimos” (2020, apud GASPAR, s/p).)
FALASCHI, Celso - GASPAR, Fabíola. Raízes da Alma A simbologia da árvore em Arteterapia. 1° Edição. Campinas (SP), 2022.
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