Cabala de Luz – Expressão e Superação é uma proposta em Arteterapia cujo objetivo principal é a livre expressão do inconsciente. Este trabalho ocorre por meio de sessões monitoradas arteterapêuticas direcionadas em atividades e materiais que possam proporcionar apoio para o processo de individuação de adultos, inseridos na situação pandêmica e isolamento social da atualidade. Para Jung, o processo de individuação é natural, inerente ao ser humano, podendo ser entendido como uma “[...] tendência instintiva a realizar plenamente potencialidades inatas” (SILVEIRA, 2003, p. 77-78).
O processo relatado neste ensaio é inspirado na Árvore da Vida, originária da Cabala, que de sua procedência hebraica significa literalmente receber ou aquilo que é recebido. Portanto, os sujeitos atendidos nessa proposta são a representação da Cabala, pois estes devem estar receptivos para o encontro, para a conversa, com seu inconsciente através das atividades expressivas e supervisionadas. Esta proposta de trabalho, portanto, traz atividades complementadas com as cores, as texturas, os aromas, materiais artísticos, dança, escrita criativa, música, meditação e jogos, como possibilidades de se criar conexões profundas do ser. Os processos foram realizados em oficinas estruturadas com sensibilização e expressão criativa, contando com o apoio do uso dos elementos da natureza, como a Terra, Água, Fogo, Ar e Éter. Com isso, as emoções limitantes, por exemplo, quando surgiram, puderam ser melhor trabalhadas, visto que a energia do ponto central manifesta-se na compulsão quase irresistível para levar o indivíduo a tornar-se aquilo que ele é, do mesmo modo que todo organismo é impulsionado a assumir a forma característica de sua natureza, sejam quais forem as circunstâncias.
Arteterapia trata-se de expressão, originalidade, individualidade, texturas e riscos onde as cores são elementos de destaque nesse meio à medida que o cliente se comunica e expressa sua subjetividade, o si-mesmo e o que está vivo na alma e , por vezes, com vários componentes que o rodeiam.
A imaginação é o modo de percepção pelo qual o mundo interior ganha vida, e o método de interação pelo qual ele pode ser transformado. Da mesma forma, a imaginação é o meio pelo qual o corpo e as doenças físicas podem ser percebidos no nível espiritual, estando também sujeitos a processos de transformação. Com a imaginação, é possível perceber os reinos espirituais que transcendem a psique (RAFF; JEFFREY, 2002, p. 104).
Neste momento em que um novo mundo se instala em nossas realidades, ocasionado pela pandemia da covid-19, é de extrema necessidade o apoio para superar o ócio e encontrar a resiliência. “Cabala de Luz – Expressão e Superação” é voltado para fornecer atividades enriquecedoras de dentro para fora. Destacamos o uso de técnicas de meditação, relaxamento, alongamento e movimentos corporais, que têm como objetivo maior proporcionar ao participante um contato que estimule novas considerações acerca do próprio corpo enquanto experimentador de uma metodologia, que a partir do mesmo possa conduzir a outras concepções de movimento e criação. A música, essencial nesse processo, pode tornar os movimentos corporais, bem como os estados de relaxamento, uma via para a arte narrativa do trabalho. Os mitos também são atuantes neste processo, pois trabalham temas e costumes acerca de uma civilização, cultura ou da própria existência humana.
Alcançam, por si só, vivências que a razão desconhece. Dentre elas a jornada do herói ou heroína, a origem do mundo, da vida e aspectos que permeiam tais realidades. No relato simbólico, o inconsciente se identifica com a representação dos fatos, dos personagens históricos, amplificados através do imaginário coletivo, passado de geração em geração pelas tradições literárias orais ou escritas. Os atendimentos realizados no estágio do Grupo Arteterapia Luz, para conclusão do Curso de Arteterapia NAPE tiveram como característica principal a priorização da expressão artística, proporcionando conforto e segurança dos clientes quanto à nossa supervisão e acompanhamento das sessões. A ideia de trabalhar com mitos colabora para a concepção de pequenas partituras coreográficas, onde o universo subjetivo individual se entrelaça, ao longo das atividades, compondo uma grande teia criativa arteterapêutica em movimento interior e exterior, resultando em expressão e identificação.
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