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O Início da Arteterapia no Brasil: Entre a Ciência, a Arte e a Alma

  • Foto do escritor: NAPE - Núcleo de Arte e Educação
    NAPE - Núcleo de Arte e Educação
  • 26 de nov.
  • 2 min de leitura

Os primeiros passos da arte como cura


A história da Arteterapia no Brasil começa em 1925, quando Osório César, médico do Hospital do Juqueri (SP), iniciou experimentos que uniam arte e psicanálise. Influenciado por Freud, publicou “A Arte Primitiva nos Alienados”, um dos primeiros estudos brasileiros a explorar o poder terapêutico da criação artística.

Poucas décadas depois, a psiquiatra Nise da Silveira revolucionaria o tratamento mental no país ao rejeitar métodos agressivos como o eletrochoque e a lobotomia. Em 1946, no Centro Psiquiátrico D. Pedro II, no Rio de Janeiro, Nise criou o projeto “Emoções de Lidar”, que permitia aos pacientes se expressarem livremente por meio da arte — não como produto estético, mas como linguagem da alma.


Nise da Silveira: a arte como libertação


Em 1952, Nise fundou o Museu de Imagens do Inconsciente, que até hoje guarda obras produzidas por seus pacientes, verdadeiros registros simbólicos da psique humana. Quatro anos depois, levou parte desse acervo a um congresso em Zurique, a convite de Carl Gustav Jung, consolidando um diálogo entre o inconsciente coletivo e a arte brasileira.

Para Nise, o ato de criar não era apenas expressão — era cura, era reconexão com a própria essência.


A arte como documento da alma


Como afirma Philippini, a arte é um “profundo documentário psíquico”, tanto individual quanto coletivo. Ela manifesta a relação mais íntima do ser humano com o mundo, revelando aquilo que as palavras muitas vezes não conseguem traduzir. Para Jung, a arte é a expressão mais pura do inconsciente — “é vida, sensibilidade, liberdade e criação”.

Assim, compreende-se que a arte, desde os primórdios, é um instrumento natural de cura e autoconhecimento, um canal sagrado entre o humano e o divino.


A consolidação da Arteterapia moderna


Enquanto no Brasil Nise abria caminhos, no exterior surgiam outras vertentes da Arteterapia. Em 1941, Margaret Naumburg, nos Estados Unidos, desenvolveu a chamada Arteterapia de Orientação Dinâmica, baseada na psicanálise. Mais tarde, Edith Kramer trouxe uma abordagem que valorizava o processo criativo acima do produto final, reconhecendo a força terapêutica do fazer artístico em si.

Na década de 1960, o Brasil iniciou seus primeiros cursos de Arteterapia, como o da PUC-SP (1964), ministrado por Hanna Kwiatkowska, unindo psicologia e arte. Em 1982, surgiu o primeiro curso de pós-graduação na área, no Rio de Janeiro, coordenado por Angela Helena Philippini.


A profissionalização da Arteterapia no Brasil


O movimento se expandiu e ganhou reconhecimento. Em 1999, foi criada a Associação de Arteterapia do Rio de Janeiro, seguida por diversas entidades em outros estados. Juntas, elas formaram a União Brasileira de Associações de Arteterapia (UBAAT), responsável por normatizar, reconhecer e fortalecer essa profissão que une técnica, sensibilidade e amor ao cuidado.


A arte que transforma e revela


A trajetória da Arteterapia no Brasil é também a história de um reencontro com o humano. De Nise da Silveira aos profissionais contemporâneos, cada gesto criativo é um ato de libertação — um convite para olhar o invisível, curar o indizível e reencantar o viver.



✨ “Criar é curar-se: o gesto artístico é o sopro que devolve o ser ao seu próprio coração.”


 
 
 
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