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Modelagem na Arteterapia: criar, recriar e integrar

  • Foto do escritor: NAPE - Núcleo de Arte e Educação
    NAPE - Núcleo de Arte e Educação
  • 16 de out.
  • 2 min de leitura

A importância das linguagens expressivas na Arteterapia


Na Arteterapia, cada material e técnica oferece possibilidades únicas de expressão, elaboração e transformação. As linguagens expressivas não são apenas ferramentas criativas, mas verdadeiros mediadores entre o mundo interno e a realidade externa.

Entre elas, a modelagem ocupa um lugar especial, pois envolve o contato direto das mãos com a matéria. Esse processo sensorial e corporal permite que emoções e conteúdos inconscientes sejam trabalhados de forma concreta, oferecendo tanto descarga de energia quanto reorganização psíquica.


Modelagem: dar forma à experiência


Modelar significa adaptar, criar, recriar. Quando moldamos, damos contorno àquilo que estava informe, experimentando plasticidade, flexibilidade, textura e até mesmo o cheiro do material.

Segundo Regina Chiesa, tocar o barro é uma forma de retornar às origens, lembrando raízes, sustentação e estrutura. A argila, um dos materiais mais primitivos utilizados pelo ser humano, convida a um mergulho simbólico profundo, unindo terra e água — realidade e emoções.

Preparar a própria argila pode ser vivido como um ritual alquímico, que integra os quatro elementos:


  • Terra – realidade e sustentação;

  • Água – emoções e flexibilidade;

  • Fogo – energia e espiritualidade;

  • Ar – pensamento e inteligência.


Esse processo pode ajudar o indivíduo a reunir aspectos fragmentados da personalidade, promovendo equilíbrio e coesão interna.


O potencial terapêutico da modelagem


A modelagem é uma atividade sensorial e corporal, que permite manipular intensamente o material antes mesmo de definir uma forma final. Esse contato direto com a argila possibilita:


  • Descarga de tensão e combate ao estresse;

  • Relaxamento muscular e estímulo da circulação;

  • Redução da rigidez articular, especialmente das mãos;

  • Diminuição da agressividade e ansiedade;

  • Estimulação tátil e ampliação da consciência por meio do toque;

  • Desenvolvimento da criatividade;

  • Facilidade para reparar erros, já que a argila pode ser moldada novamente sem deixar marcas.

Por isso, é recomendada inclusive para pessoas rígidas, tensas ou excessivamente críticas. Na psicanálise, a modelagem também é considerada um recurso valioso para crianças com fixação na fase anal.


A modelagem como integração e liberdade


Ao aquecer o barro nas mãos, sentir sua maleabilidade e deixá-lo se transformar, o indivíduo vivencia um processo de entrega, flexibilidade e criação. A argila oferece a possibilidade de expressar, mas também de reorganizar — já que tudo pode ser remodelado, reconstruído e transformado.

Na Arteterapia, a modelagem é mais do que uma técnica: é uma experiência de integração entre corpo, mente e emoção, que favorece tanto a liberação de tensões quanto a construção de novos sentidos para a vida.



CHIESA, Fiorezzi Regina. Diálogo com o barro: encontro com o criativo. Casa do Psicólogo, 2004.

PHILIPPINI, Ângela. Para entender Arteterapia: Cartografias da coragem. Wak Editora, 2004.

_______________, Linguagens e Materiais e expressivos em Arteterapia. Wak Editora, 2008.

SILVEIRA, Nise. O mundo das imagens. Ática Editora,1992.

URRUTIGARAY, Maria Cristina. Arteterapia: a transformação pessoal pelas imagens. Wak Editora, 2011

 
 
 

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